terça-feira, 27 de agosto de 2013

COMPORTAMENTO FEMININO II

 
Os séculos passaram e numa visão patriarcal da dinâmica da vida da mulher em sociedade, fomos sendo ensinadas que menstruar traz toda uma gama de prováveis problemas como: TPM, cólicas, retenção de líquidos, ansiedade, além dos gastos com absorventes higiênicos (a estimativa consta que cada mulher utiliza cerca de 11 mil absorventes em toda a sua vida ) e sua adaptação ao uso deles, com o caso de mulheres sensíveis poderem adquirir desde alergias de contato na região genital até inflamação da área vaginal interna ou colo do útero por conta de absorventes internos.
Então, o que este nome Menstruação te lembra? Por muito tempo, nós mulheres fomos condicionadas a pensar e sentir de forma equivocada a repercussão de uma condição fisiológica de toda a fêmea mamífera. Na natureza as fêmeas menstruam e reproduzem, com a simplicidade e constância cíclica da lua . O fato é que nós humanos, temos a necessidade de “consertar” a natureza.
Ainda hoje, observo a dificuldade que algumas mães tem de conversar com suas filhas sobre a nobreza, responsabilidade e divindade contidas nesta condição exclusivamente feminina.
A “regra” ou “ciclos” ainda carrega o estigma implantado por uma sociedade que desejava “controlar” e principalmente “conter” a energia feminina em favor da energia masculina do patriarcado dominante. O que antes era visto como um período muito poderoso de purificação, iluminação, cura, relaxamento, troca de experiências e apoio emocional entre mulheres, foi sendo esquecido, deixado de lado. As mulheres deixaram de se unir em suas Tendas Vermelhas, perderam a conexão com as fases da lua, tornaram-se solitárias em suas dores e incertezas, transformando seu sangue sagrado em algo sujo, doloroso, impuro, com odor desagradável, incômodo e doloroso.
Essa visão errônea dos possíveis “efeitos colaterais” da menstruação, ao longo dos anos, tomou conta do inconsciente feminino e masculino, chegando ao ponto onde fomos condicionadas a comprar absorventes industrializados que diferentemente das “toalhinhas higiênicas” da época, prometiam a ‘salvação” dos temíveis ‘vazamentos” e consequente vergonha pelo “vexame” público.
Nos fizeram acreditar que “aqueles dias” tornavam as pacíficas e pró-ativas mães, esposas, irmãs, namoradas, serviçais ou seja, mulheres em geral em seres facilmente irritáveis, com tendências maiores a desenvolver problemas emocionais como depressão, pensamentos suicidas, propensão ao crime, maus tratos em geral a familiares, redução da produtividade nos seus afazeres diários e todo o tipo de inconstância e irracionalidade.
Em contrapartida, os mesmos seres que “diagnosticaram” a doença da mulher e a chamaram de “síndrome” menstrual, também ao longo do tempo foram apresentando soluções industrializadas que quase como um milagre, para diversos males menstruais através de seu remédios industrializados (desacreditando os métodos ancestrais de alimentação e utilização de ervas para aliviar os sintomas do ciclo). Os novos modelos de absorventes industrializados chegaram com o discurso de fazer a mulher sentir-se seca, segura e até mesmo perfumada, pois amenizaria o incômodo e mau cheiro, além de permitir que esta mulher continue nos seus afazeres habituais.
Com o slogan de incomodada ficava a sua avó, nos fizeram pensar que evoluir seria tentar ao máximo, suprimir o período menstrual para as mulheres que já foram mães ou fazer estes dias de incômodo passarem o mais rápido e desapercebido possível. Mas, sinceramente, essa forma de encarar o ciclo menstrual beneficia a quem? Já que cada vez mais fomos afastadas de nossa sabedoria ancestral, conexão com o santo graal feminino que é o seu útero, seu centro energético onde flui o seu rio sagrado, gerador de vida e transformador da morte.