terça-feira, 4 de agosto de 2009

A QUIMICA DA PAIXÃO

Diferentes hipóteses científicas sugerem o que ocorre no cérebro da pessoa quando se apaixona por outra. A neuroquímica do amor provoca comportamentos irracionais como os dos apaixonados que fazem loucuras em nome da paixão. Estes agentes neuroquímicos agem de forma semelhante ao que ocorre quando a pessoa está sob o efeito de drogas como a cocaína. Depois passa, pode vir outro estágio melhor, maduro, ou não.
Cientistas verificaram que a dopamina, oxitocina, vasopressina e a feniletilamina são substâncias envolvidas na química da paixão. Helen Fisher, pesquisadora da Rutgers University publicou um livro em 2004 chamado “Why We Love: The Nature and Chemistry of Romantic Love” (“Por que Nós Amamos: A Natureza e a Química do Amor Romântico”), no qual ela apresenta a teoria de que a dopamina está elevada na paixão romântica e diminuída na rejeição amorosa. Ela cita referências de estudos realizados com pessoas e animais, e mostra que há um paralelo muito forte entre comportamentos, sentimentos e substâncias químicas ligadas ao amor romântico e àqueles associados à dependência de drogas. Assim como o alcoólico, por exemplo, se sente compelido a beber, a pessoa apaixonada chora dizendo que irá morrer sem seu (a) amado (a).
Como é que pessoas adultas, inteligentes ficam presas a paixões irracionais? Esta química complexa no cérebro explica em parte isso. Mas há algo mais profundo. Evidências de estudos mostram que quando os relacionamentos se aprofundam, a paixão diminui. O efeito da droga passa, e a realidade do amor maduro pode surgir.
As regiões do cérebro ativadas pelo amor romântico são também responsáveis pela euforia induzida por drogas como a cocaína. O cérebro das pessoas apaixonadas, o estudo mostrou, não parece com o das pessoas experimentando sentimentos fortes, mas como o das que cheiram cocaína. A conclusão dos cientistas é que a paixão usa mecanismos do sistema nervoso que são ativados durante o processo de formar uma dependência química (adicção). Daí o Dr.Larry Young, pesquisador na área de ligações sociais na Emory University, em Atlanta, na Geórgia, falando das pessoas apaixonadas, disse: “Nós estamos literalmente adictos (drogados) ao amor.”
Helen Fisher sugere que o amor, sob o ponto de vista neurobioquímico, ocorre em três “sabores”: sensual, romântico e de longo relacionamento. Há uma sobreposição neles, mas estes existem separadamente segundo os sistemas emocionais, motivacionais e neuroquímicos.
O primeiro, claro, envolve uma fissura por sexo. Aumenta o nível de serotonina, oxitocina, vasopressina e opiáceos endógenos (fabricados naturalmente pelo corpo e equivalentes à heroína). Estes químicos servem para relaxar o corpo, produzir prazer e saciedade.
Em seguida, vem a atração romântica, a paixão ou “amor obsessivo”. Parece ser uma evolução da atração sensual que focaliza em uma pessoa específica. É um estado caracterizado por sentimentos de estimulação e intrusão, além de pensamentos obsessivos para com o objeto da paixão.
O terceiro tipo estudado, o amor de longo relacionamento, que permite aos pais poderem fazer um bom trabalho na criação dos filhos. Este estado, é caracterizado por sentimentos de calma, segurança, conforto social e união emocional.
Quando alguém é movido pela paixão pode fazer muita besteira: destruir vidas, envolver-se em situações de adultério, às vezes, complicados, romper com sua família, tudo em nome de uma química disparada por decisões pessoais complexas que não tira da pessoa apaixonada a capacidade de escolher e tomar uma decisão racional. Nesse caso, de histórias tristes motivadas pela sensação do amor romântico, com rompimentos de relacionamentos familiares, a paixão é também uma droga.
Há uma diferença entre paixão e atração. Quando uma pessoa se sente atraída por outra, num primeiro momento ela sente que algo tocou em suas emoções ao observar aquele indivíduo. Surge uma atração. Dependendo do que ela fará com a primeira atração, poderá surgir ou não a paixão. Um primeiro olhar, a tentação, não é o problema principal. Tudo depende do que a pessoa fará em seguida em sua mente e, depois, no contato social.
A atração vira paixão quando a pessoa se deixa levar pela emoção, quando nutre o sentimento, quando não coloca nenhuma barreira para ele em sua mente. Daí fica difícil romper e administrar esse afeto tão forte, que pode virar uma obsessão.
Uma pessoa casada pode ter um primeiro olhar de atração, mas pode ficar só nele e nada mais. Ou pode ir adiante, se ela alimentar o pensamento e o sentimento em seu coração. Há uma diferença entre ser tentado e cair em tentação. A paixão ocorre quando a pessoa já se deixou levar pela imaginação, nutriu sentimentos para com a outra pessoa, então fica presa.
A razão é uma função executiva da mente humana e deve ser usada para auxiliar na administração dos sentimentos. Forte e madura é a pessoa que aprendeu a lidar com suas emoções de uma maneira que pode ter os sentimentos, mas que não deixa que eles a tenham.