sábado, 2 de janeiro de 2010

ARIADNE E O LABIRINTO

Ariadne era filha do rei Minos de Creta, que apaixonou-se a primeira vista pelo herói Teseu.
Houve uma época, que os atenienses eram obrigados a pagar um tributo ao rei Minos. Tal fato deveu-se ao assassinato de Androgeu, filho de Minos, que ocorreu depois de ter vencidos os jogos. O rei, indignado com o fato, impôs aos atenienses severo castigo. Eles deveriam, a cada ano, enviar sete rapazes e sete moças, escolhidos mediante sorteio, para alimentarem o Minotauro, furioso animal, metade homem, metade touro, que vivia encerrado no labirinto.
Esse labirinto, um capricho do rei Minos, era um estranho palácio repleto de corredores, curvas, caminhos e encruzilhadas, onde uma pessoa se perdia, jamais conseguindo encontrar a saída depois de transpor a sua entrada. Era aí que ficava encerrado o terrível Minotauro, que espumava e bramia, jamais se fartando de carne humana.
Teseu resolveu preparar-se para enfrentar o monstro, oferecendo sacrifícios aos deuses e indo consultar o oráculo de Delfos. Invocado o deus informou a Teseu que ele resolveria o caso desde que fosse amparado pelo amor. Encorajado, Teseu fez-se incluir entre os jovens que deveriam partir na próxima leva de "carne para o Minotauro". Ao chegar a Creta adquiriu a certeza de que sairia vitorioso, pois a profecia do oráculo começou a realizar-se.
Com efeito, a linda Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e combinou com ele um meio de encontrar a saída do terrível Labirinto. Um meio bastante simples: apenas um novelo de lã.
Cheio de coragem, Teseu penetrou nos sombrios corredores do soturno labirinto. A fera, mal pressentiu a chegada do jovem, avançou, furiosa, fazendo tremer todo o palácio com a sua cólera. Calmo e sereno, esperou sua arremetida. E então, de um só golpe, teseu decepou-lhe a cabeça.
Vitorioso, Teseu partiu de Creta, levando em sua companhia a doce e linda Ariadne. Entretanto, ele a abandona na ilha de Naxos, retornando a sua pátria sem ela. Ariadne, vendo-se sozinha, entrega-se ao desespero e morre, sendo fixada no céu como uma constelação.
Ariadne é uma mulher mortal associada ao divino, considerada ainda, como a Senhora dos Labirintos.
Na psicologia feminina este mito explica a libertação da mulher do papel de "filha do pai". Para superar esta virgindade perpétua, um cavalheiro-herói com armadura reluzente, a resgata do ambiente paterno. O tal herói é aventureiro e a faz conhecer um uma realidade completamente diversa do que ela já viveu.
Toda mulher, faz do seu primeiro homem uma imagem refletida de um perfeito herói, que nada mais é do que a personificação do seu próprio potencial inconsciente e acredita que este homem travará as batalhas delas, realizará todos seus desejos e lhe tirará de situações indesejáveis. Mas quando, este parceiro, um simples mortal, não corresponde com suas projeções, a realidade é percebida e a relação não pode mais ser sustentada.
Ariadne é a imagem arquetípica de alguém que foi iniciada nos mistérios e alcançou profunda conexão com a Deusa do Amor. Tendo integrado a potência da Deusa, ela pode então servir como mediadora das exigências do inconsciente para outras mulheres.

Por: Rosane Volpato